sábado, 27 de agosto de 2011

ATIVIDADE DO 6º SEMESTRE DE LETRAS - 27/08/11

O QUE É O VIRTUAL?


ESTA PERGUNTA ENTITULA UM DOS LIVROS DO FILÓSOFO PIERRE LÉVY, NO QUAL SÃO DISCUTIDOS PONTOS CRUCIAIS PARA A DEFINIÇÃO DESSE FENÔMENO DO QUAL SOMOS CONTEMPORÂNEOS: A VIRTUALIZAÇÃO.
LEIA AS CITAÇÕES ABAIXO E TROQUE ALGUMAS IDEIAS COM SEUS COLEGAS A RESPEITO DESSA TEMÁTICA.

A palavra virtual é empregada com frequência para significar a pura e simples AUSÊNCIA DE EXISTÊNCIA, a “realidade” supondo uma efetuação material, uma presença tangível.
O real seria da ordem do “tenho”, enquanto o virtual seria da ordem do “terás”, ou da ilusão, o que permite geralmente o uso de uma ironia fácil para evocar as diversas formas de virtualização.
A palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, força, potência. Na filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não em ato. A árvore está virtualmente presente na semente. É o “vir a ser”.
O virtual é um complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer. O problema da semente, por exemplo, é fazer brotar uma árvore. A semente “é” esse problema, mesmo que não seja somente isso. O que significa que ela “conhece” exatamente a forma da árvore que expandirá finalmente sua folhagem acima dela. A partir das coerções que lhe são próprias, deverá inventá-la, co-produzi-la com as circunstâncias que encontrar.
Por um lado, a entidade carrega e produz suas virtualidades: um acontecimento, por exemplo, reorganiza uma problemática anterior e é suscetível de receber interpretações variadas. Por outro lado, o virtual constitui a entidade: as virtualidades inerentes a um ser, sua problemática, o nó de tensões, de coerções e de projetos que o animam, as questões que o movem, são uma parte essencial de sua determinação.
O que é virtualização? Não mais o virtual como maneira de ser, mas a virtualização como dinâmica. A virtualização pode ser definida como o movimento inverso da atualização. Consiste em uma passagem do atual ao virtual, em uma “elevação à potência” da entidade considerada.
A virtualização não é uma desrealização (a transformação de uma realidade num conjunto de possíveis), mas uma mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ontológico do objeto considerado. Virtualizar uma entidade qualquer consiste em descobrir uma questão geral à qual ela se relaciona, em fazer mutar a entidade em direção a essa interrogação e em redefinir a atualidade de partida como resposta a uma questão particular. A virtualização é um dos vetores da criação da realidade.



NÃO ESTAR PRESENTE: A VIRTUALIZAÇÃO COMO  ÊXODO



A virtualização pode ser definida pela característica de ser um desprendimento do aqui e do agora. O senso comum faz do virtual inapreensível, o complementar do real, tangível.
Claro que é possível atribuir um endereço a um arquivo digital, mas nessa era de informações online, esse endereço seria de qualquer modo transitório e de pouca importância.
(LEMBREM-SE DE QUE HOJE O ARMAZENAMENTO DE ARQUIVOS É FEITO EM “NUVENS”)
Desterritorializado, presente por inteiro em cada uma de suas versões, de suas cópias e de suas projeções, desprovido de inércia, habitante ubíquo do ciberespaço, o hipertexto contribui para produzir aqui e acolá acontecimentos de atualização textual, de navegação e de leitura.
Quando uma pessoa, uma coletividade, um ato, uma informação se virtualizam, eles se tornam “não-presentes”, se desterritorializam. Uma espécie de desengate os separa do espaço físico ou geográfico ordinários e da temporalidade do relógio e do calendário.
(JOGAR VÍDEO GAMES COMO NINTENDO WII FACILITAM ENTENDER ESSE FENÔMENO)
Ubiqüidade, simultaneidade, distribuição irradiada ou massivamente paralela. A virtualização submete a narrativa clássica a uma prova rude: unidade de tempo  sem unidade lugar (graças à interações eletrônicas, às transmissões ao vivo, aos sistemas de telepresença), continuidade de ação apesar de uma duração descontínua (como comunicação por secretária eletrônica ou por correio eletrônico).
Além de trazer novas noções sobre tempo e velocidade, outro efeito pode ser percebido na virtualização: a passagem do interior ao exterior e do exterior ao interior. As relações entre privado e público, próprio e comum, subjetivo e objetivo, mapa e território, autor e leitor, etc.

COMO O MUNDO VIRTUAL É RECHEADO DE IMPREVISIBILIDADES, A EXPERIÊNCIA DE HOJE FOI TÃO ENRIQUECEDORA, QUE RESOLVI FAZER UM ADENDO À TAREFA ANTERIOR DE COMENTAR A TEORIA DE PIERRE LÉVY. COMO FICA FÁCIL PERCEBER, OS COMENTÁRIOS QUE FORAM POSTADOS HOJE CEDO, MARCAM DOIS MOMENTOS DIFERENTES DA AULA, O PRIMEIRO MOMENTO, DA LEITURA E DISCUSSÃO DAS TEORIAS DO FILÓSOFO SOBRE VIRTUALIZAÇÃO, E O SEGUNDO MOMENTO, EM QUE VIVENCIAMOS O VIRTUAL, A UBIQUIDADE DE TEMPO E LUGAR, PRESENCIAL E VIRTUAL, JOGANDO NINTENDO WII. ABAIXO AS FOTOS DESSES MOMENTOS MARAVILHOSOS QUE PASSAMOS NUM SÁBADO QUE SERIA SIMPLES E SE TORNOU MEMORÁVEL!! OBRIGADA PELA PARTICIPAÇÃO DE TODOS!! A EDUCAÇÃO PRECISA DE PROFESSORES ABERTOS ÀS NOVAS POSSIBILIDADES, VOCÊS JÁ FAZEM PARTE DA EDUCAÇÃO DO FUTURO, PESSOAL!! PARABÉNS PELA ATITUDE!!












sexta-feira, 19 de agosto de 2011

ATIVIDADE INICIAL DE LINGUAGEM E TECNOLOGIA - 6o DE LETRAS


Em nossa primeira aula, lemos e discutimos rapidamente sobre o texto de um dos fundadores dos estudos sobre a Cibercultura, Pierre Lévy.  Leia o texto abaixo e discuta com seus colegas sobre as afirmações do filósofo quanto ao uso das tecnologias na vida moderna. Considere os pontos positivos e negativos da revolução tecnológica que vivenciamos.
Lembre-se: o que há de mais importante em um blog é sua característica democrática de abrir espaço para os diferentes pontos de vista de seus usuários. Trave conversas edificantes com seus colegas, assim todos nós construiremos nosso conhecimento de forma colaborativa!! Comente quantas vezes quiser. Bom trabalho!!

MANIFESTO DOS PLANETÁRIOS

AUTO-RETRATO DOS PLANETÁRIOS


Aqui estamos. Nós. Os planetários. Conduzimos os mesmos veículos, tomamos os mesmos aviões, utilizamos os mesmos hotéis, temos as mesmas casas, as mesmas televisões, os mesmos telefones, os mesmos computadores, os mesmos cartões de crédito. Informamo-nos na câmara de eco dos meios de comunicação mundializados. Navegamos na Internet. Temos o nosso site. Participamos na silenciosa explosão do hipercórtex infinitamente reticulado do World Wide Web. ouvimos músicas de todos os cantos do mundo: raï, rap, reggae, samba, jazz, pop, sons da África e da Índia, do Brasil ou das Antilhas, música céltica e música árabe, estúdios de Nashville ou de Bristol...Dançamos como loucos ao ritmo da techno mundial em rave parties sob a luz zebrada de idênticos raios estroboscópicos. Lemos os nossos livros e os nossos jornais na grande biblioteca mundial unificada de Babel. Misturados com turistas, visitamos museus cujas coleções cruzam as culturas. As grandes exposições de que gostamos giram em torno do planeta como se a arte fosse um novo satélite da Terra. Estamos todos interessados nas mesmas coisas: todas as coisas. Nada do que é humano nos é estranho.


Nós, os planetários, consumimos no mercado mundial. Comemos à mesa universal, baunilha e kiwi, coentros e chocolate, cozinha chinesa e cozinha indiana. Quando alguns rabugentos querem polarizar o nosso olhar sobre a distribuição de hamburguers de má qualidade ou de bebidas gasosas com açúcar, preferimos apreciar o alargamento do leque de possibilidades: poderíamos provar tantos frutos diferentes, tantas especiarias, tantos vinhos e licores há cinquenta anos, há cem anos?


Assistimos (e organizamos) colóquios internacionais, uma instituição rara e reservada a uns poucos há ainda cinquenta anos, mas que se torna hoje um desporto massificado. Acontece que a nossa reputação ultrapassa as fronteiras do país em que nascemos. Somos traduzidos em várias línguas, ou então não temos necessidade de ser traduzidos porque trabalhamos nas artes visuais, na música, na moda, no desporto. O nosso talento é reconhecido por toda a parte. E pouco importa que este talento seja acolhido num país ou noutro. Queremos simplesmente que ele desabroche.


Pouco a pouco, sem que nós nos tenhamos dado conta disso de imediato, o mundo chegou à nossa mão e fizemos dele o nosso campo de ação. A envergadura dos nossos atos aumentou até atingir as margens diante de nós. Temos clientes, parceiros e amigos por todos o lado. De súbito, aprendemos progressivamente a maneira de nos dirigirmos a toda a gente, a todo o mundo. Os nossos compatriotas estão por toda a Terra. Começamos a constituir a sociedade civil mundial.


Somos cada vez mais numerosos. Trabalhamos numa empresa multinacional ou transnacional, na diplomacia, na tecnologia de ponta, na investigação científica, nos meios de comunicação, na publicidade. Somos artistas, escritores, cineastas, músicos, professores, funcionários, internacionais, futebolistas, alpinistas, navegadores solitários, comerciantes, hospedeiras do ar, consultores, acionistas, militantes de associações internacionais. Cotidianamente, para o melhor e para o pior, para compreender ou para sobreviver, para os amores ou para os negócios, em número cada vez maior, temos de olhar, comunicar e talvez agir para lá das fronteiras. Somos a primeira geração de pessoas que existe à escala do globo. Homens e mulheres políticos, drogados, manequins, gente de negócios, prostitutos, terroristas, vítimas de catástrofes televisivas, cozinheiros, consumidores, telespectadores, internautas, imigrados, turistas: somos a primeira geração global.


Nenhuma geração alguma vez viajou tanto como a nossa, tanto para o trabalho como para o prazer. O turismo tornou-se a maior indústria mundial. Nunca emigramos tanto como hoje, quer sejamos pobres atraídos pelo trabalho, quer sejamos ricos em busca de melhores condições fiscais ou de uma remuneração mais justa da nossa competência. Inversamente, nunca alimentamos, acolhemos, integramos, assimilamos e educamos tantos estrangeiros.


Já não somos sedentários, somos móveis. Também não somos nômades, porque os nômades não tinham campos nem cidades. Móveis: que passam de uma cidade para outra, de um bairro para outro da megalópole mundial. Vivemos em cidades ou metrópoles em relação umas com as outras, que serão (que já são) as nossas verdadeiras unidades de vida, muito mais que são como navios no alto mar, conectados a todas as redes.


Somos budistas americanos, informáticos indianos, ecologistas árabes, pianistas japoneses, médicos sem fronteiras. Como estudantes, para aprender por toda a parte, circulamos cada vez mais em torno do globo. Vamos onde podemos ser úteis. Graças a Internet, damos a conhecer o que temos a oferecer à escala do planeta. Como produtores de vinho ou de queijo, instalamos um sistema de venda popr correspondência na Web. A nossa geração está a inventar o mundo, o primeiro mundo verdadeiramente mundial.


Já não nos agarramos a um ofício, a uma nação ou a qualquer identidade. Mudamos de regime alimentar, de profissão, de religião. Saltamos de uma existência para outra, inventamos continuamente a nossa atividade e a nossa vida. Somos instáveis, tanto na nossa vida familiar como na nossa vida profissional. Casamo-nos com pessoas de outras culturas e de outros cultos. Não somos infiéis, somos móveis.


A nossa identidade é cada vez mais problemática. Empregado? Patrão? Trabalhador autônomo? Pai? Filho? Amigo? Amante? Marido? Mulher? Homem? Nada é simples. Cada vez mais, tudo tem de ser inventado. Não temos modelos. Somos os primeiros a entrar num espaço completamente novo. Entramos no futuro que inventamos calcorreando o planeta.



PIERRE LÈVY